Os destinos se esbarram nos
destroços míticos
da Estrada do Galeão.
O balançar ignóbil de bancos
se revigora
entre janelas e pensamentos.
Dentro de um velho ônibus,
observo atentamente
a velocidade de minhas horas.
Há um dilúvio de vozes que não
me aconchega.
Em cada ponto de parada,
o frescor da pressa
apenas observa
E, como um passaredo
em luta constante,
apego-me ao choro
de criança adornada
por curvas mal tracejadas
em asfalto.
Daquela sombra que se molda
pela Estrada do Galeão,
resta a silhueta de um
ônibus velho,
rasgando a ventania
que margeia todo meu
conturbado silêncio.
(agosto 2020)