o asfalto rompe segundos tensos com lamentos que silenciam as casas
em transe.
observo ao longe verme e vírus em bailado mórbido dentro de apocalipse impiedosa.
o reflexo de minha face caótica emerge
por contagens regressivas.
há um espelho imaginário que me captura
como prêmio absurdo.
uma lágrima bêbada escorre pelos cômodos inquietos de minha máscara esponjosa.
é uma angústia contida e barulhenta
me trazendo algo de sentimento inquieto.
daquele vinho sórdido e doce sorrio uma canção emergida em álcool setenta.
brota nesse instante uma esperança,
pelo canto da boca,
que anseia por tempos de redenção vigorosos;
muito bem vacinados.
(dezembro 2020)