Mar e céus a pino,
dança de prédios ao redor do tempo.
Eu prefiro a timidez do asfalto
enquanto me absorvo passarelas
em velocidade ríspida.
A rodovia tenta rodopiar ao som
de algo que não prevejo.
Sinto as almas abafadas,
o calor exposto em barquinhos
solitários.
O dia se prepara entre calafrios.
Ganho do estômago mais um
rito de fome.
Embora aflija meu voraz sentimento,
a cor da monotonia invade a pista.
Mais adiante,
preparo uma tosse morna,
rabugenta,
dentro daquela van inquieta.
(setembro 2022)