contemporizar a fresta de sol que lambe
o concreto,
saborear elegantemente
o que resta de mim.
as panelas insurgem delirantes
à beira da pia,
o almoço frio está posto
na cabeceira da vida.
sinto aquele medo que só
a tevê ligada consegue entender,
o barulho ofegante que sai daquela caixa
me acalenta ao deboche.
as ruas me trazem a poeira fina
das sombras
e eu preparo uma canção indigesta
para dormir.
(junho 2023)
Nenhum comentário:
Postar um comentário