Éramos tensos,
feitos sombras remoendo angústias.
As horas se curvam por tempestades
e nós,
embevecidos em êxtase,
não entendíamos o bailar
do óbvio.
Queria ser o vento,
acarinhar um sol peculiar
que me grisalha a chamas.
Talvez seria um breve sonho
que nos coubessem em sintonia.
Somos então extremidade de
um mundo enfermo,
irredutível.
E você,
gradiente tempo,
apenas me sopra como
folhas ao resto,
esperando o dia em que
me tornarei apenas grão,
ou ainda,
quem sabe,
uma fagulha de pensamento,
vagando livre
pelas cirandas entre
receosos infinitos.
(janeiro 2022)