quarta-feira, 21 de julho de 2021

Amigos unidos

Tenho os amigos guardados
carinhosamente
dentro do estômago.
São deglutidos a partir do
escombro frio da memória.
Uns estão distanciados.
Outros, invisíveis.
Alguns surgem na ambígua face
de uma fiel estrela. 
Todos devidamente envelopados e
carimbados por sentimentos 
libertos.
Eu aconchego a amizade em
meus olhos esquálidos,
na espera de um afago que 
vai e vem no balançar
das redes.
E a serenidade do que vejo ao 
redor me emociona,
como se observasse pedras 
cantando o horizonte.
Carrego os amigos também 
em versos.
Versos que não cabem 
dentro de um vagão vazio,
onde saboreio uma deliciosa
e insistente
dose de solidão.

                                                                                                                                                 (julho 2021)


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Até que se prove o contrário

Colho os enigmas do mundo
em silêncio.
Talvez me espere uma esquina para
o almoço.
Não sirvo para digerir banquetes
entrelaçados ou finos.
Porque a alma obsoleta não me 
oferece cuidados.
Tenho aos olhos apenas uma versão
atabalhoada de mim mesmo.
O som do mar me confunde,
me ignora.
Vozes margeiam toda vontade
de uma vida a contagotas.
Sou pedaço florido de vazios 
que se desfaz por todo eterno.
Apenas pareço uma verdade caída
entre folhas rezadas de esperanca.
Aquela escolha desbotada,
que fiz diante de um vento inerte,
está despida,
apodrecida,
reduzida a contentamento
até que se prove o contrário, 
ou enquanto durar o coração.

                                                    (julho 2021)

Escalada

algum céu azul, entre cacheados de brisa  e segundos florescidos, delira um brinde à esperança  enquanto espero, ansiosamente, a próxima vag...