sábado, 28 de maio de 2022

Vênus

Os véus bailam.
Os véus ventam.
Dançam o branco-vinho
em espirais sonolentos.
Olhos em transe
respiram no arder 
do tempo.

Os véus se tocam
Os véus eternecem.
Do céu abrem-se
estrelas que 
conduzem 
sussurros.

Os véus se beijam 
entre as esquinas 
dos versos,
enquanto eternos 
passeiam em
sua impiedosa
sinfonia.

(maio 2022)

terça-feira, 17 de maio de 2022

Escola Municipal Cuba

Um prédio antigo observa 
a Engenhoca
enquanto crianças sussurram 
a vida que está por vir 
O bailar de lousas que espiam
saberes segue
entrecortando a brisa em mar.
As bandeiras unem-se
nos corações da secretaria,
em revoluções de pensamento.
Amélias, Solanges e 
mãos forlaleza
desenham a história,
dia após dia,
a partir de sonhos 
em construção.

Aos pés do Ouro,
como se conversasse ao mundo,
a escola sobrevive
naquele prédio antigo, 
para que uma canção cubana
possa germinar excelência
nos cancioneiros de esperança.

                                                           (maio 2022)

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Artimanha

Meu universo apodrece
cuidadosamente,
em meio a uma deliciosa
mágoa de destinos.
Tento ser absolutamente
ríspido com meu deleite
de saborear o vazio.
Nada me apetece ao sabor 
da aorta pulsando 
pelos dedos,
pelos pecados,
pelos poderes por mim
enterrados.
Tenho aquele gargalhar medíocre
entranhando os ouvidos 
entupidos de ócio.

Sinto o cheiro do passado
roçando o rosto em mim.
Absorvo o vento pardo
que insiste em abraçar 
angústias.
Aquela artimanha que desconforta
meu tempo,
desliza suavemente sobre 
parasitas luxuosos,
enlatados dentro de um
anoitecer embriagado.


(maio 2022)




Trançados

Como nós em resistência,
por tranças bem entrelaçadas
em nós,
sobrevivemos.
Entrelaços que ecoam um grito,
um riso discreto,
alguma esperança escondida.
Resistência em nós
por tranças firmes,
nos passos longos,
em canções de igualdade,
nos torrões de ternura.
As mãos erguem-se
pela lágrima ancestral
que conforta o murmurar
de estrelas.
Nós fincaremos resistência
em tranças bordadas por nós,
como se aquele amanhã
despertasse inquieto,
para renascermos assim rocha
enquanto os dias alvorecem
uma solitária flor.

                                      (maio 2022)

terça-feira, 3 de maio de 2022

Canto de girassóis

Quando os girassóis cantam,
os olhos se curvam
àqueles risos mais sábios
De um novo tempo
sabor em saudade,
de vida.
Girassóis que perfumam
a maturidade dos sonhos,
a sinceridade de almas,
cataventos em sincronia.
As horas irão passar rápido,
como se conversasse o mar
em comunhão com os céus.
E o florir de girassóis,
confortavelmente,
será um brinde às
vertigens de mundo,
adornando assim
jardins de gratidão.

                                                  (maio 2022)



Escalada

algum céu azul, entre cacheados de brisa  e segundos florescidos, delira um brinde à esperança  enquanto espero, ansiosamente, a próxima vag...