terça-feira, 31 de agosto de 2021

Poema antes do trabalho

Acordo com a manhã
amargando a boca.
Talvez os sonhos em chuva 
estivessem lamentando o tempo.
Vou caminhando por pedras 
que se fazem mar em sombra.
Uma tristeza sorridente
me estende as mãos,
pacientemente.
Sou instante.
Sou vertigem.
Sou um vazio 
que não cabe no expediente.
O dia recomeça.
E eu me refaço
dia a dia
no embrulhar silencioso 
das rotinas.

                                              (agosto 2021)

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Meteoro de Pegasus

Sou e sempre serei um ilustre miserável.
Meus cartões estão a pagar.
Contas sorrateiramente no vermelho.
E eu, indolente,
sorrio a vida entre as cinzas de um dia torto.
Ligo a TV depois de um banho mal curado.
Reflito séries em que a realidade
cabe nos prelúdios de rede social.
Ah, o mundo vazio
que me engole em gotas de noite.
A noite que começa de bolso vazio
e tristonho.
Talvez aquela moeda conforte uma pequena
espera dentro de uma calça rasgada.
É apenas vento frio em meus dedos.
Dedos que se cansam da rotina.
A rotina de poesia que nunca vem.
A rotina dos anos cansados em
contagem regressiva.
O tempo arde.
Assim como ardem os olhos na TV devorando
um programa que talvez eu entenda.
As contas avermelhadas,
Os cartões inadimplentes...
Nada se torna tão saboroso como
um pão na manteiga.
E a vida adormece dentro daquele 
miserável conforto,
na tentativa de ser apenas
um ilustre desconhecido
no marasmo das multidões.

                                                                                                                                       (agosto 2021)




Mãe poema

As mães são gigantescas:
mal cabem dentro do eterno.
Geram cada grão de vida
na ternura de sua espera.
E saboreiam seu tempo ao
renascerem estrelas.
 
As mães não cabem em
em nossos olhos.
São pequena moldura
de um amor bordado
a pétala.
Elas apenas nos aquietam
na voz mais enamorada
que não se pode conter.
 
As mães nos dizem o céu,
Nos contam o sussurro
do mundo.
Sorriem no extremo da lágrima.
São rochedos mágicos,
repletos de infinitos.
 
As mães nos acolhem
pelas suas mãos enormes,
esperançosas.
Arquitetam seu jardim repleto
de flor e lembrança,
nos acalentando,
dentro de seu pequeno instante,
feito brisa anoitecida
em cantiga de ninar.

                                                                                                                                                                     (maio 2021)

Romantismo instantâneo


Em teu beijo
afirmo o céu
louco
pleno
azul
como se tudo,
apenas tudo
florescesse
estrelas.

Em teu beijo
afirmo amor
dentro de um
amor lúcido
que revela
um abraço
doce
vasto
infindo,
daqueles que
nunca se desfazem
com o tempo.

Em teu beijo
contemplo a brisa,
dizendo a espera
de ninar seus olhos,
ao contentar
teu sorriso
entre canções de
girassóis
e eternidades.

                                                                                                                                                    (agosto 2021)

Escalada

algum céu azul, entre cacheados de brisa  e segundos florescidos, delira um brinde à esperança  enquanto espero, ansiosamente, a próxima vag...