quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Meteoro de Pegasus

Sou e sempre serei um ilustre miserável.
Meus cartões estão a pagar.
Contas sorrateiramente no vermelho.
E eu, indolente,
sorrio a vida entre as cinzas de um dia torto.
Ligo a TV depois de um banho mal curado.
Reflito séries em que a realidade
cabe nos prelúdios de rede social.
Ah, o mundo vazio
que me engole em gotas de noite.
A noite que começa de bolso vazio
e tristonho.
Talvez aquela moeda conforte uma pequena
espera dentro de uma calça rasgada.
É apenas vento frio em meus dedos.
Dedos que se cansam da rotina.
A rotina de poesia que nunca vem.
A rotina dos anos cansados em
contagem regressiva.
O tempo arde.
Assim como ardem os olhos na TV devorando
um programa que talvez eu entenda.
As contas avermelhadas,
Os cartões inadimplentes...
Nada se torna tão saboroso como
um pão na manteiga.
E a vida adormece dentro daquele 
miserável conforto,
na tentativa de ser apenas
um ilustre desconhecido
no marasmo das multidões.

                                                                                                                                       (agosto 2021)




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