segunda-feira, 19 de julho de 2021

Até que se prove o contrário

Colho os enigmas do mundo
em silêncio.
Talvez me espere uma esquina para
o almoço.
Não sirvo para digerir banquetes
entrelaçados ou finos.
Porque a alma obsoleta não me 
oferece cuidados.
Tenho aos olhos apenas uma versão
atabalhoada de mim mesmo.
O som do mar me confunde,
me ignora.
Vozes margeiam toda vontade
de uma vida a contagotas.
Sou pedaço florido de vazios 
que se desfaz por todo eterno.
Apenas pareço uma verdade caída
entre folhas rezadas de esperanca.
Aquela escolha desbotada,
que fiz diante de um vento inerte,
está despida,
apodrecida,
reduzida a contentamento
até que se prove o contrário, 
ou enquanto durar o coração.

                                                    (julho 2021)

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