segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Poema rabiscado dentro de um ônibus

Os destinos se esbarram nos 
destroços míticos
da Estrada do Galeão.
O balançar ignóbil de bancos 
se revigora
entre janelas e pensamentos.
Dentro de um velho ônibus,
observo atentamente 
a velocidade de minhas horas. 
Há um dilúvio de vozes que não 
me aconchega.
Em cada ponto de parada,
o frescor da pressa
apenas observa
E, como um passaredo 
em luta constante,
apego-me ao choro
de criança adornada 
por curvas mal tracejadas 
em asfalto.

Daquela sombra que se molda 
pela Estrada do Galeão,
resta a silhueta de um 
ônibus velho,
rasgando a ventania
que margeia todo meu
conturbado silêncio.

                                                 (agosto 2020)


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