domingo, 8 de setembro de 2024

Balada de Narciso

Do espelho mundo meu 
redemoinho a sós.
É mais belo ainda face a face
adentro.
Estranho tudo de fora em
que aguarda a seco.
Pouco seria narcisos em sol 
gratinados em silêncio.
Sou muito do mesmo,
argumento e imagem.
Sou pouco de todos,
veredas e tempo.
Basto-me coração volátil 
em seus olhos.
E inquieto sombra pelo que 
me diz cortejo.

Entre espelhos meus revogo
o mundo redemoinho.
Estilhaços de meus sonhos
afogados mar e vento 
por cantigas de mim.
                               
                                (setembro 2024)



quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Casório

O amor ainda respira
de véu, 
grinalda
e bem querer.
Talvez um céu possa dizer
de amar a amar eterno.
Ou percorra o sussurro
na mansidão das estrelas. 

O amor ainda respira,
feito flor e brisa,
para todo o sempre.

                                 (setembro 2024)

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Versinhos para Dona Alzira

Aconchego de vó
tem gosto de céu.
A risada sem medo,
os olhos tão firmes.
Cheiro de café forte
que conversa tantas lembranças.

Ah... aconchego de vó.
A falta que aquece o mar.
O mar de mãos enrugadas,
de voz embargada,
de um infinito tão breve
alvorecendo o tempo.

Aconchego de vó
tem sabor de pastel,
caldo de cana,
e um pouco de história
para ninar estrelas.

                                                            (julho 2024)

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Ao redor

Tenho um frescor em dilúvio 
nas mãos.
Por hora vento,
outras vezes pedra,
sou o que rasteja intimamente
entre as rotinas.
Nasço na sordidez dos versos.
Ando pela valentia das sombras.
Não ergo um centímetro de mim
senão destino.

Os tempos são outros
e eu também sou:
Arquiteto de meu tempo
na imensidão do nada.

                                                              (julho 2024)

terça-feira, 25 de junho de 2024

Bastardo

Fiz um poema ao rigor da noite
onde estrelas maldizem destinos.
Os versos são mais ou menos
cegueiras a gotas.
As mãos escrevem apenas 
o que me cabe pedra.

E vai seguindo a vida por descuido...
A agonia reciclada por conveniência.
O precipício ardendo pétala 
em fogo brando.
E as mãos apenas observam.

Da minha língua bastarda
renasce um grito de misericórdia,
que cuida de meus segundos
assim que eu chegar em casa.

                                                                (junho 2024)

Escangalho íntimo

Homem de palavra 
não arreda reticência.
Não suporta
agouro do aço,
muito menos 
cobiça do vento.

Homem de palavra 
arquiva asfalto em pé.
Espreita
seu nome por terra.
Devaneia
as ruas em flores.

Quando tudo se acabar
-ternura fértil dos deuses-
a palavra acolherá o homem
enquanto brisa.

                                                             (junho 2024)


segunda-feira, 3 de junho de 2024

Paz entre nós

Aquela paz,
tão rara e branda,
estende voz a compaixão.
Aquela paz,
tão mar e lírio,
floresce em nós serenidade.
Aquela paz
perdida em vento,
encontra abrigo esquina afora.
Aquela paz,
em dias fartos,
sublima o céu de um semblante.

Florescem horizontes.
Um amanhecer nos aguarda
entre cortinas de estrelas.
Minhas mãos bordam o futuro
a partir de um cântico,
emoldurando assim esperança:
algum sonho,
aquela paz.

                                                       (junho 2024)





Balada de Narciso

Do espelho mundo meu  redemoinho a sós. É mais belo ainda face a face adentro. Estranho tudo de fora em que aguarda a seco. Pouco seria narc...