terça-feira, 25 de junho de 2024

Bastardo

Fiz um poema ao rigor da noite
onde estrelas maldizem destinos.
Os versos são mais ou menos
cegueiras a gotas.
As mãos escrevem apenas 
o que me cabe pedra.

E vai seguindo a vida por descuido...
A agonia reciclada por conveniência.
O precipício ardendo pétala 
em fogo brando.
E as mãos apenas observam.

Da minha língua bastarda
renasce um grito de misericórdia,
que cuida de meus segundos
assim que eu chegar em casa.

                                                                (junho 2024)

Escangalho íntimo

Homem de palavra 
não arreda reticência.
Não suporta
agouro do aço,
muito menos 
cobiça do vento.

Homem de palavra 
arquiva asfalto em pé.
Espreita
seu nome por terra.
Devaneia
as ruas em flores.

Quando tudo se acabar
-ternura fértil dos deuses-
a palavra acolherá o homem
enquanto brisa.

                                                             (junho 2024)


segunda-feira, 3 de junho de 2024

Paz entre nós

Aquela paz,
tão rara e branda,
estende voz a compaixão.
Aquela paz,
tão mar e lírio,
floresce em nós serenidade.
Aquela paz
perdida em vento,
encontra abrigo esquina afora.
Aquela paz,
em dias fartos,
sublima o céu de um semblante.

Florescem horizontes.
Um amanhecer nos aguarda
entre cortinas de estrelas.
Minhas mãos bordam o futuro
a partir de um cântico,
emoldurando assim esperança:
algum sonho,
aquela paz.

                                                       (junho 2024)





Balada de Narciso

Do espelho mundo meu  redemoinho a sós. É mais belo ainda face a face adentro. Estranho tudo de fora em que aguarda a seco. Pouco seria narc...