quinta-feira, 4 de junho de 2020

O teu vestido

Abaixo das barras de teu vestido,
acima das linhas de meus sonhos,
silencio-me em teu leve corpo
fino, moreno, insólito,
com um grato cheiro de jasmim.
Os cabelos esvoaçam num
bailado úmido
por um momento tímido
que balança órfão da
essência voraz do
alvorecer.
Pelos teus lábios, pele,
coxas e tudo, a densidade
de meus olhos em
todo tempo desvela-se através
das barras de teu vestido,
delirando todo o meu
estardalhaço presunçoso de
decantar a beleza infame
de teu lírio,
para minha tênue
sobrevivência recolhida
em pedaços.

(novembro 2006)

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