num aspirador de pó.
Lembro-me de ingratidões que
beijavam meu rosto.
As ruas não cabem mais dentro
dos olhos.
Agora, elas se confortam mais
numa tela breve de celular.
A praça,
a pedreira,
o campo de terra batida,
os conselhos de vó,
ou até mesmo aquela escolinha
pré-fabricada em janelões avulsos
ficaram esquecidos no escombro
de décadas perdidas.
Existe um sorrateiro pesadelo
exaurindo lembrança,
tanta lembrança que carece
de saudades.
Minha memória corrói a noite.
Uma angústia rabisca o espelho
dentro de meu assombro
que se convém eterno.
(dezembro 2022)
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