sábado, 3 de dezembro de 2022

Memória afetiva

Perdi todos meus amores antigos 
num aspirador de pó.
Lembro-me de ingratidões que 
beijavam meu rosto. 
As ruas não cabem mais dentro 
dos olhos.
Agora, elas se confortam mais 
numa tela breve de celular.
A praça,
a pedreira,
o campo de terra batida,
os conselhos de vó,
ou até mesmo aquela escolinha
pré-fabricada em janelões avulsos
ficaram esquecidos no escombro
de décadas perdidas.
Existe um sorrateiro pesadelo 
exaurindo lembrança,
tanta lembrança que carece
de saudades.
Minha memória corrói a noite.
Uma angústia rabisca o espelho
dentro de meu assombro
que se convém eterno.


                                                         (dezembro 2022)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escalada

algum céu azul, entre cacheados de brisa  e segundos florescidos, delira um brinde à esperança  enquanto espero, ansiosamente, a próxima vag...