A água ferve em brasa infame.
A roupa suja está posta há séculos.
Eu penso no dia seguinte enquanto
uma coceira me grita alto.
Algum café agridoce me faria bem,
mas tenho uma angústia para cuidar.
O tempo passa no trilho de um azul
Azul que se reconta numa camisa minha
qualquer.
Azul onde reviro o fogo da fervura
dentro do próprio desdém.
Amargos vão os dias em que serei
um delírio estranho.
O ventilador em meu rosto hesita
pelo tempo adentro.
E cada destino que brinca com estrelas
recolhe meu sono atrasado
como prêmio de consolação.
(novembro 2022)
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