quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Ponteiro

Tento barganhar alguns minutos de ócio.
A água ferve em brasa infame.
A roupa suja está posta há séculos. 
Eu penso no dia seguinte enquanto
uma coceira me grita alto.
Algum café agridoce me faria bem,
mas tenho uma angústia para cuidar.
O tempo passa no trilho de um azul 
Azul que se reconta numa camisa minha
qualquer.
Azul onde reviro o fogo da fervura 
dentro do próprio desdém.
Amargos vão os dias em que serei
um delírio estranho.

O ventilador em meu rosto hesita
pelo tempo adentro.
E cada destino que brinca com estrelas
recolhe meu sono atrasado
como prêmio de consolação.


                                                       (novembro 2022)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escalada

algum céu azul, entre cacheados de brisa  e segundos florescidos, delira um brinde à esperança  enquanto espero, ansiosamente, a próxima vag...