recobre seus versos
em viés de tempestade.
Ele urra à ponta da caneta
cada fagulha esperançosa,
soprada assim dentro
de alguma moldura.
Aquele poeta engole à seco
possíveis delírios
empoeirados.
Ninguém o vê.
Todos estão cegos.
Esse mundo cultiva
seu pequeno espaço
caminhando apenas
no que lhe cabe.
O poeta qualquer
se desespera.
Lança a palavra
como templo de conforto.
Mas os tempos são frios.
Todos se contentam com
obviedades fáceis,
estão vendados,
estão cegos.
Um poema diz-se pronto,
quer ser lido.
O poeta cala-se diante de
suas palavras.
Será esquecido dentro
daquela particularidade
mórbida que aflige
seu atordoado instinto.
(junho 2020)
Nenhum comentário:
Postar um comentário