quinta-feira, 4 de junho de 2020

Carta sensorial a uma desconhecida

Querida desconhecida,


.....Venho por meio desta lhe confessar todo meu apreço. Muitas vezes, entendi que possuir-te era um capricho mortal atrelado ao meu ávido instinto. Mas percebi, adiante, que as vestes de teu corpo encobrem um lume vivo envolto em sua carne.
.....Vê, cara desconhecida, que tu entraste em meu destino como mais uma entre outras todas. Porém, foste vinho tinto raro, embriagando-me com um sabor único que trepida em minha mente e que pulsa lentamente em meus delírios.
.....Ora, minha querida, não deixes que tua impureza gravite pelo ócio alheio. És santa no ofício da arte de amar, transbordando em tons vermelhos toda a loucura pertinente em minhas entranhas.
.....Para encerrar, quero que faças do teu querer o meu querer e então possamos atrever-nos a estraçalhar tudo aquilo que não for amor, abstraindo assim os demais que transitam entre nós.
.....Com afeto, de seu alguém ou de algum qualquer.



(outubro 2005)

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