Um ser inerte lambe o asfalto cru.
A carne apodrecida convida passantes
ao espetáculo cinzento.
Insensatos vermes deliciam-se no aroma
grotesco das sombras.
Aquele bicho inusitado,
feito de náuseas
e silhuetas fúnebres,
se aquece nos horizontes cantados entre
aconchegos e enxofre.
O mundo parece ignorá-lo.
Pacientemente,
tal morto contempla sua nova casa
com pensamentos precisos,
talvez inválidos,
interrompidos por uma canção de sirenes
que anunciam a sua hora:
há de chegar então
a tumba frígida e pesada
de seu próprio esquecimento.
sexta-feira, 5 de junho de 2020
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